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Bahia afasta jogador acusado de racismo em jogo do Flamengo

Ramirez nega caso, mas Tricolor cita importância de "voz da vítima". Foto: Alexandre Vidal/CRF

O Bahia anunciou nesta segunda-feira (21) o afastamento do meia-atacante Índio Ramírez, acusado de racismo pelo volante Gerson, do Flamengo, durante a partida entre as equipes no último domingo (20), no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, pela 26ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro.

Segundo nota divulgada pelo Tricolor de Aço, o atleta colombiano não participará das atividades do clube baiano "até a conclusão da apuração" do caso.

Conforme a nota, o Bahia cita que Ramírez nega a acusação e que "a ele está sendo dada a oportunidade de se defender de algo tão grave". O clube afirma, porém, ser "indispensável, imprescindível e fundamental que a voz da vítima seja preponderante em casos desta natureza". Ainda segundo o comunicado, o presidente Guilherme Bellintani "ligou para Gerson a fim de prestar solidariedade".

https://twitter.com/ECBahia/status/1340880943545004032

O caso ocorreu após o próprio Ramírez marcar o primeiro gol do Bahia na partida, aos sete minutos do segundo tempo. Segundo o flamenguista, o meia-atacante colombiano teria dito a ele: "Cala a boca, negro". A acusação foi registrada na súmula do jogo, apesar de o árbitro Flavio Rodrigues de Souza afirmar não ter presenciado o episódio. Em meio à discussão, Gerson pediu respeito ao técnico Mano Menezes, que teria minimizado a acusação do volante. Após a partida, que terminou com vitória rubro-negra por 4 a 3, o treinador foi dispensado do comando tricolor.

Gerson tornou pública a acusação em entrevista após o apito final. Nas redes sociais, o jogador do Flamengo publicou um manifesto contra o racismo.

"O 'cala boca, negro' é justamente o que não vai mais acontecer. Seguiremos lutando por igualdade e respeito no futebol - o que faltou hoje do lado contrário (...) A minha luta, a luta dos negros, não vai parar. E repito: é chato sempre termos que falar sobre racismo e nada ser feito pelas autoridades. Racismo é crime. E deve ser tratado desta maneira em todos os ambientes, inclusive no futebol", escreveu o camisa 8, no Instagram.

https://www.instagram.com/p/CJCgxkZB9_H/?utm_source=ig_embed

Na entrevista coletiva que concedeu também depois da partida, o técnico Rogério Ceni defendeu Gerson. Já o vice-presidente de futebol do Flamengo, Marcos Braz, em pronunciamento oficial do clube, pediu uma "profunda apuração" do caso. Times rivais, como Vasco e Botafogo, publicaram mensagens de apoio ao volante rubro-negro em suas redes sociais.

Ainda no domingo, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) solicitou à Procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) "a abertura imediata de uma investigação sobre a denúncia de racismo feita pelo jogador Gerson Santos, do Clube de Regatas do Flamengo, na partida deste domingo (20/12) diante do Esporte Clube Bahia (...) A entidade encaminhará ao STJD a súmula da partida, na qual consta o relato da denúncia feita pelo atleta. A CBF reitera seu profundo repúdio ao racismo", diz a nota divulgada pela confederação.

https://twitter.com/CBF_Futebol/status/1340843768023539718

A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI) instaurou um inquérito policial para apurar a denúncia de injúria racial. A equipe da Delegacia vai ouvir o atleta e outros envolvidos serão chamados para prestar depoimento na unidade policial a fim de esclarecer o fato.

Agência Brasil

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